18 de out. de 2009

"Trem das seis


Existe na cabeça do negro poeta
uma busca de criar o certo
que contenha mais que a pura
beleza do verso
e que assimilável seja
Por outro negro

que se pendura no trem das seis
e vê nas costas, a torre central
não como um rasgo indecente
ou um berro de concreto
que invade os olhos da gente.

Para ele, o edifício
ou os gemidos dos trilhos
Só fazem parte da cena
como o camburão que espreita,
como espantaria ao poeta
o gosto esparramado da pena no papel
ou o fato de uma negra bailarina, resoluta
se negar a um encontro
na porta de um bordel.

A procura persiste
Mistura, verte, verbos, versos tristes
Para descobrir que tem muito a aprender
Da dialética maior que existe,
E se esconde toda a placidez das marmitas
Que voltam cansadas da vida
Todos os dias
No trem das seis.”
José Carlos Limeira

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